Auxiliamos na (In) Justiça!
Foi conhecida a sentença do caso dos dois fuzileiros que foram acusados pelo Ministério Público de terem causado a morte do Agente da P.S.P., Fábio Guerra - os tristes factos ocorreram na fatídica madrugada do dia 19 de Março de 2022.
Os dois indivíduos foram julgados por um Tribunal do Júri, requerido pelo arguido Cláudio Coimbra.
O Tribunal do Júri, presidido pela Dra. Helena Susano, a juiz que leu uma súmula do acórdão de 92 páginas, assinado igualmente por quatro jurados, decidiu condenar Vadym Hrynko a uma pena efectiva de 17 anos de prisão e Cláudio Coimbra (importa relevar, cliente da "Eppur si") a 20 anos de prisão efectiva.
Sobre o acórdão, relativamente à pena ou até sobre o que de facto é profundamente inquietante neste julgamento e que nos deve preocupar a todos, falaremos depois.
Agora queremos falar sobre o escrutínio a que todos os poderes, até o apelidado "Quarto Poder", se devem sujeitar de forma voluntária e participativa, com sentido crítico e capacidade de autoscopia.
Para que fique claro, referimo-nos a autoscopia "enquanto técnica de pesquisa e formação que recorre à videogravação de acções de um ou mais sujeitos, numa dada situação, tendo como objectivo principal a auto-análise dessas mesmas acções e o melhoramento pessoal e/ou profissional."
Ou seja, vamos escrutinar e confrontar o profissional de televisão Henrique Machado, Editor de Sociedade da TVI/CNN, com as suas palavras e acções.
Vejam esta declaração, este "promo publicitário" (12 segundos que tudo revelam quando confrontados com as acções do protagonista):
Henrique Machado, aqui, não está a cometer qualquer crime, encontra-se previsto no Código da Publicidade tudo aquilo que o mesmo, neste pequeno "promo publicitário", interpreta:
"(...) A publicidade assume, nos dias de hoje, uma importância e um alcance significativos, quer no domínio da actividade económica, quer como instrumento privilegiado do fomento da concorrência, sempre benéfica para as empresas e respectivos clientes (...)"
(Código da Publicidade - Decreto-lei n.º 330/90, em vigor)
Quanto à questão deontológica, ético-moral, nenhum Jornalista que realiza investigação e que protagoniza, de facto, contra-poder, servindo o interesse público porque informa os seus concidadãos de forma equidistante das partes, de forma idónea, pode rever-se nas palavras que o mesmo Henrique Machado enviou para um dos sócios-fundadores da "Eppur si":
Afinal, Henrique Machado não está a protagonizar o seu "verdadeiro desígnio de exercer o verdadeiro contra-poder", ele vive do que o Poder oferta, ele é amamentado pela "Grande Porca" do Rafael Bordalo Pinheiro (1846 - 1905), e, conquanto não mame desde 1900, já comprovadamente sorve as tetas desde 2015.
Perante isto, as palavras de Henrique Machado não são mais do que uma promoção publicitária, uma "grande paródia".
Mas, infelizmente, tudo isto é muito mais grave, pernicioso, porque este profissional da televisão comenta, avança e propala o que a "fonte institucional" deseja que o cidadão escute, serve os desígnios de terceiros, permitindo que a nobreza do verdadeiro Jornalismo soçobre perante o info-entretenimento e as demais agendas institucionais.
A prova.
Observem agora os factos "NÃO PROVADOS" pelo Tribunal do Júri que condenou Cláudio Coimbra e Vadym Hrynko:
Ninguém ouviu os Agentes da P.S.P. a gritarem "Polícia pára", ninguém sabia na ocasião que se tratava de Agentes da P.S.P., ninguém - testemunhas presenciais que não estavam com os Agentes da P.S.P. ou com os arguidos - referenciou ou ouviu e dessa forma percebeu que quem interagiu com os jovens fuzileiros fazia parte da Polícia de Segurança Pública!
Vamos agora ver o que Henrique Machado afirmou no dia 20 de Março de 2022, pelas 17H52, após observar um vídeo que estava no processo-crime, vídeo esse que não dispõe de som, um dia após as agressões que vitimaram o Agente Fábio Guerra.
Henrique Machado que não esteve presente na madrugada da ocorrência dos tristes factos, conforme declarou em Tribunal após ter sido convocado pela defesa de Cláudio Coimbra, quatro dias após o sucedido possuía informação que estava no processo-crime, informação essa a que nem as defesas dos arguidos tinham acesso.
Observem, escutem com atenção:
"Mas, tendo eles... identi... tendo eles... eh, eh, hã... a... a.. apresentado a sua identificação na qualidade de agentes de autoridade..." - isto afirma o profissional de televisão Henrique Machado, protagonista de "promos publicitários", não se percebendo se "checou" a informação, não ofertando contraditório aos visados (regras sacrossantas do verdadeiro Jornalismo).
E mais afirma:
"(...) Os próprios agressores têm a noção de que estão na presença de polícia, de um orgão de polícia criminal e que portanto conformam-se com o facto de continuar, enfim, a praticar crimes sobre esses mesmos polícias (...)"
Isto lucra a quem? Isto é Jornalismo sério? Este profissional da televisão afinal trabalha para quem? Servirá ele o interesse público ou um privado interesse? É possível que seja um agente de publicidade enganosa?
Vejamos em pormenor, ampliado e a cores, microscopicamente (a linguagem não-verbal trai sempre aquele que quer ocultar algo):
O excelente trabalho realizado em 48 horas pela Polícia Judiciária, que em abono da verdade já realizou muitos trabalhos de forma célere e capaz em 48 horas, neste caso em particular não se verificou.
Foi assumido pelo Director Nacional da Polícia Judiciária, Dr. Luís Neves, e pela Inspectora responsável pela investigação que, em sede de Tribunal, arrolados pelo arguido Cláudio Coimbra, declararam que a P.J. não esteve presente no momento da autópsia, nem contextualizou o perito médico-legal relativamente ao sucedido, o que permitiria a este realizar o exame autóptico de forma holística, com recurso a toda a informação disponível.
Relembre-se, ou informe-se quem nos lê, que o corpo do Agente Fábio Guerra chegou ao Instituto de Medicina Legal sem parte significativa dos orgãos internos, consequência da falta de presciência da P.J. que não informou o hospital de que aquele cadáver era prova de um crime de homicídio!
Sobre isto falaremos depois!
Que dizer sobre isto? O que pensar sobre estas palavras do profissional de televisão Henrique Machado, protagonista principal de vídeos publicitários promocionais?
Temos que nos insurgir contra estas práticas, estas verdadeiras práticas ansiogénicas de alguma da comunicação social, de alguns indivíduos que se apresentam nas nossas televisões e na legenda que os identifica podemos ler a palavra "Jornalista".
O verdadeiro Jornalista trabalha mantendo-se equidistante das partes, proporcionando contraditório, "checando" as suas fontes, derrubando os altos muros da ignorância que os poderes instalados ergueram ao redor da sociedade para que não se alcance o saudável escrutínio e consequente responsabilização pelos seus actos.
O que vão pensar os pais do falecido Agente Fábio Guerra, cuja dor nem conseguimos conformar na nossa mente e, fundamental, devem ser respeitados, assim como a memória do seu filho que a todos nós servia prestando serviço na Polícia de Segurança Pública, quando for analisada a produção de prova realizada (e não realizada) por um tribunal superior e verificarem que afinal a pena de prisão foi reduzida, a decisão do Tribunal do Júri foi revertida?
Este sentimento de injustiça é proporcional ao nível de desinformação, de mau jornalismo, de "trabalho pago" pela "informação institucional", do mercadejar da informação que o info-entretenimento reiteradamente recorre e a todos nós lesa!
As palavras não são nossas, são do Pedro Marques Lopes, do seu artigo de opinião, "Os Justiceiros", publicado na revista "Visão" (1 de Junho de 2023) as quais subscrevemos sem hesitar e com conhecimento de causa:
Henrique Machado, ex-jornalista do Correio da Manha, Editor de Sociedade da TVI / CNN.
Uma palavra final.
É impossível, nos dias de hoje, atendendo aos meios que temos à nossa disposição para a difusão da Informação, lograr-se cancelar totalmente um indivíduo.
Ainda que ocupemos cargos que nos ofertem o pequeno e pernicioso poder de condicionar aqueles que hierarquicamente estão sob a nossa alçada, exigindo aos mesmos que não se ofereça cobertura mediática a este ou àquele indivíduo que escrutina o nosso trabalho e o critica, não podemos esquecer que também nós temos quem esteja hierarquicamente por cima e por vezes presente aquando das nossas ordens de cancelamento.
A informação é como a Vida: encontra sempre caminhos, resiste, rompe e medra.
Cancelar não é a solução para quem não tem o poder da decisão final, a solução é mudar e comportar-se como um verdadeiro profissional, dignificando a profissão que se exerce... mas, como todos nós sabemos, por mais que a abelha explique à mosca que a flor é melhor do que o lixo, esta nunca o abandonará porque gosta de viver nele, deliciando-se por se encontrar no meio da imundície!
Vergonhoso. Está tudo apresentado com documentos e vídeos. Isto é assustador, andamos a ser informados por gente desta categoria. Estamos anestesiados. Revoltante.